domingo, setembro 10, 2006

NARCISO

São lindos, não são? Selvagens, amarelos e brilhantes. Tudo à sua volta brilha com tanta côr!
Nenhuma imagem poderia falar melhor de ti, senão estas flores que têm o teu nome. Desde muito cedo a tua vida começou, sempre a trabalhar. Casaste, divorciaste-te e voltaste a casar. Se o divórcio já era algo que te tornasse diferente, casar de novo e aceitar tudo, fazia de ti alguém quase extraterrestre. Mas, não te importaste!!!
Andaste por terras espanholas, vieste para Portugal e trabalhaste pelo Algarve inteiro. Com família na ponta oposta do Algarve, em Lagos fizeste uma grande parte da tua vida.
Carpinteiro Naval de profissão, gostavas do mar qb. Melhor em terra e vê-lo do que nele estar e ver terra. Dizias sempre " Com o mar, não se brinca!" Nas "horas vagas" foste banheiro, meteriologista particular, artista como poucos existem.
A tua arte saia pelas tuas mãos, pela tua inteligência, pela tua forma de encarar a vida. Quem estivesse perto de ti, não tinha muito tempo para estar triste. Conseguias pôr uma plateia inteira a rir e tudo era puro e vindo do mais profundo do teu ser. Se estavas numa mesa de família, era melhor ter cuidado, não fosse causares o engasgo de alguém, claro a tua esposa não gostava muito da questão mas, perante todos a rirem, olhavas para ela com olhar matreiro.
Das tuas mãos sairam barcos em miníatura, barcos que navegaram (incluindo o nosso) um violino, em tempo muito idos e mais n coisas que apanhavas e delas saía sempre qualquer coisa.
Lembro-me do dia em que me contaram a verdadeira realidade... estavas apreensivo e, não era para menos! Mas Avô, eu só te conhecia a ti. Eu era a tua bleblé, sabe-se lá porque este nome? Mas era o que me chamavas! Não era nesse dia que as coisas iriam mudar. Sei que ficaste feliz, embora não o mostrasses. A partir desse dia, a cumplicidade entre nós foi crescendo... Tinhamos os nossos segredos que nunca ninguém soube, não era Avô? Nem a AVó!!! Mas aqui também não os vou expôr. Foram, são e serão, só nossos!
Pedi-te, ainda adolescente, para me fazeres um barco, como os que fazias para vender, mas que acabavas sempre por perder dinheiro. Punhas tudo e todos ao rubro, quando um barco se ia e dinheiro... nem vê-lo! Não te interessava, querias era fazê-los e encolhias os ombros sempre que alguém te chamava a atenção!
A tua imagem, de barco debaixo do braço, na hora do almoço, a entrar pela casa dentro para me entregares o que te tinha pedido, nunca me esquecerei, nem me esquecerei do raspanete que te preguei quando descobri que o fizeste à pressa com medo de não o conseguires acabar. E tu rias...
Sei que te orgulharias das netas que tens. Mas mais orgulhosa estou eu por te ter tido como Avô! Valeu por uma existência inteira!!!
I STILL LOVE YOU
Alargo esta homenagem que fiz ao meu querido Avô, a todos aqueles que faleceram na catástrofe horrenda de 11 de Setembro e em particular a todos os Avôs e Avós que lá deixaram as suas vidas!

20 comentários:

Paulo disse...

Sabes alexandra, fizeste-me as lágrimas virem aos olhos. Porquê? Pelo amor, ternura, cumplicidade, amizade e carinho com que falaste do teu avô. Que linda homenagem ao teu progenitor. Parabéns pelo avô e por ti.
Beijinhos

Maria P. disse...

Se pudesse deixava uma flor, palavras não tenho...

beijinho e boa semana:)

xano disse...

(...)

:)

bj

Isa e Luis disse...

Olá Alexandra linda,

Linda homenagem ao teu avó, cada palavra uma emoção vivida.

Essas ninguém as pode destruir.

Vem ao virtualrealidade é momento de alegria.

Jinhos muitos para ti

Isa

Lud MacMartinson - LMMP - Luxemburgo disse...

Olá, Alex,
adorei a tua homenagem ao teu avô ! Aparz-me saber que cultivas a gratidão e sabes cuidar e honrar as tuas raízes... Possas conhecer a alegria de muitos dias felizes...
Até...

Anónimo disse...

Gostei muito deste post...muito mesmo.

Beijinhos Alexandra

Nuno Guronsan disse...

E que bom que é ter pessoas assim a atravessarem as nossas vidas. Felizmente também tenho pessoas no meu coração que mereciam palavras tão bonitas como estas. E ainda bem que a memória também é uma das tuas qualidades.

Apesar de andar arredado dos comentários, continuo a passear por aqui. Beijos!

redonda disse...

Achei muito bonita a homenagem...
Um beijinho

antonior disse...

Alexandra!
Não há palavras que te possa dar para expressar o pesar.
O silêncio será mais correcto....
Mais alto, isso sim, fala o teu sentimento e o que está nas entrelinhas.

Beijos

RPM disse...

uma palavra de amizade!!!

nada mais acrescento. Está tudo dito.

beijo de amizade

RPM

Conversa Inútil de Roderick disse...

Alexandra.
Deixo aqui Beijos enormes aos meus dois avôs que lá estão no céu.
Olhem por nós.
Beijos, amiga.

Anónimo disse...

Olá vim matar as saudades de te ler.

Tens aqui uma bonita homenagem.

Tanto carinho e amizade, ternura.

Triste. Mas tão bela...

Beijo querido.

WALDE disse...

a emoçao do teu post é muito enorme.
gostei da ternura das tuas palvras.
beijinhos da Argentina.

Å®t Øf £övë disse...

Alexandra,
Esta homenagem que aqui prestas, é simplesmente arrepiante. É bom perceber que ainda existe gente, como tu, cheia de valores, e capaz de gestos de amor, carinho, e afecto, como estes aqui expressos através deste texto.
Bjs.

Anónimo disse...

Alexandra

Tinha deixado aqui um comentário a este artigo, que desapareceu, parece que foi removido. Porque até era um comentário "simpático" fiquei surpresa... Não percebi...
Desculpa o reparo.

RB

Anónimo disse...

Alexandra

Obrigada por responderes ao meu comentário anterior. Também me pareceu que não ias apagar o comentário. Mas eu também não o fiz, a não ser que o tenha feito sem me aperceber. Terá sido por ter escolhido a identidade anónima, (embora tenha assinado com as minhas iniciais)?
Deixa lá, só achei estranho e por isso te perguntei, mas está tudo bem. Dizia eu nesse comentário que tinha gostado muito da homenagem ao teu avô...achei lindo o artigo.
Beijinhos Alexandra
RB

carteiro disse...

As tuas palavras são como os narcisos da foto... qualquer coisa que se ponha em volta ou se escreva não será nunca tão bonita.
Que texto lindo...

poeta_silente disse...

Alexandra!
As palavras, quando se quer consolar, não são suficientes. Nada compensa a dor da perda. Ela vem firme... e mostra-nos com que intensidade temos que viver e conviver. O que fica, querida, as coisas boas que ficam, isto nada apaga.
Fiquei emocionada ao ler teu post.
Lindo, em sua essência de amor...
Havia algum tempo q aqui passava, por vezes, mas nada deixava.
Porém, este teu post me fez dizer-te que és especial, neste amor... e viveste um sentimento especial... Que bom! Que maravilha. Sei que ficará, sempre, bem dentro de ti... a dar-te forças na vida.
Deus te abençoe.
beijinhos
Miriam

Papoila disse...

Alexandra:
Emocionei-me a ler-te porque fui bem a menina de meus avós e contigo recordei os meus...depois, eu própria sou cumplice de meu neto.
Parabéns pela homenagem a teu avô Narciso que qause ouvi rir.
Beijo

Carlos Henriques disse...

Olá Alexandra
Estou de volta.
Adorei este post. Tocou bem fundo em mim, já que eu vivi até aos 14 anos com os meus avós.
Sem mais palavras...

**beijos**