quinta-feira, junho 29, 2006

... ...


If you're searching out for something-

Don't try so hard

If you're feeling kinda nothing-

Don't try so hard

When your problems seem like mountains

You feel the need to find some answers

You can leave them for another day

Don't try so hard

.....................................

.....................

......

When the storms are raging round you

Stay right where you are

Don't try so hard

......

..

It's only fools they make these roules

..

Queen - Innuendo - "Don't try so hard"

A Bailarina Russa

Degas, the examination(retirado da net)

Uma bailarina russa que tinha setenta anos e ensinava dança pelas escolas, foi seguida por um jovem, seduzido por sua figura esguia e arrebatadora.

Para não ser alcançada, correu até casa e, ofegante, fechou-se no apartamento. A filha jovem interrogou-a sobre o sucedido.

«Uma coisa extraordinária», respondeu a velha mãe. «Um rapaz seguiu-me e eu não quis que descobrisse o meu rosto para não o desiludir com a minha idade. Vê pela janela se ele ainda está no passeio».

A filha foi à janela e, sobre a estrada, depara com um velho que olha para cima.

Tonino Guerra (1920)

Histórias para uma Noite de Calmaria

(tradução de Mário Rui de Oliveira)

"Aconselharia as mulheres, quando se interrogam sobre os efeitos da idade no seu encanto, a consultarem menos o espelho do que o rosto dos seus contemporâneos."

Marie Agoult

Fonte: Citador


segunda-feira, junho 26, 2006

Memórias de uma madrugada!


6h30m da madrugada... era noite ainda e a cidade de Lagos apresentava este aspecto. Tinha que percorrer a cidade de uma ponta à outra, para chegar a casa de uma amiga. Ponto de encontro para umas quantas se juntarem e apanharem o comboio para Portimão, onde estudavamos.Poderia ter seguido o caminho do centro da cidade mas, a temperatura estava amena, o silencio fazia barulho... nada melhor que seguir pela avenida principal, junto à ribeira. O meu caminhar ouvia-se a léguas de distância... os únicos companheiros de viagem, as gaivotas e os pescadores, que me olhavam de soslaio.Cheguei a casa de minha amiga e... pensei eu: Já saiu !!!Segui até à estação de caminhos de ferro. O dia ia calmamente, surgindo no horizonte e eu, sem pressas, fui andando e saboreando tudo o que a natureza me estava a mostrar... já quase perto da estação, em cima da ponte por onde tinha que passar ...

... fui surpreendida por uma imagem que ainda hoje guardo com imenso carinho! Do meu lado direito a imagem era parecida com esta. O sol começava a despontar, do meu lado esquerdo, era ainda noite... fiquei ali... a ver o sol erguer-se, a ouvir o canto das gaivotas e o barulho da corrente da água! Sózinha naqueles instantes, atrevo-me a dizer que nunca senti uma paz tão grande e reconfortante!!!


Aproveitei o tempo que me restava a comtemplar tamanha beleza... devagar, dirigi-me à estação onde o comboio já esperava!!!

A primeira e terceira imagens são de Lagos e da sua estação de caminhos de ferro, que na altura, não tinha os prédios vistos ao fundo (ambas retiradas da net). A segunda imagem foi retirada de Imagens do Beco.

Uma boa semana para todos!!!


sábado, junho 24, 2006

Recomeçar de novo!


Não vou repetir aqui o que escrevi no "Kind of Magic"!
Somente gostaria de agradecer de novo a todos os que me deixaram as suas palavras e àqueles que optando pelo silêncio, sei que por lá passaram.

Numa primeira fase pensei desistir, mas não é meu hábito, nem faz parte da minha personalidade. Assim, depois de pensar um pouco, achei que devia continuar a cá vir, quanto mais não seja, para ter o prazer de escrever sobre os mais variados temas, que vão desde opiniões minhas a textos fundamentados, que abordem determinado ponto importante, até aos meus sempre queridos poemas (não meus, mas dos verdadeiros poetas).

Assim e para começar, acabei por escolher um texto que encontrei em Pretextos (
http://pretextos.blogs.sapo.pt/) que achei maravilhoso e de alguma forma penso estar adequado às actuais circunstâncias.

"Viver é arriscar-se

Rir é arriscar-se a parecer doido...Chorar é arriscar-se a parecer sentimental...Estender a mão é arriscar-se a se comprometer...Mostrar os seus sentimentos é arriscar-se a se expor...Dar a conhecer as suas ideias, os seus sonhos, é arriscar-se a ser rejeitado...Amar é arriscar-se a não ser retribuído no amor...Viver é arriscar-se a morrer...Esperar é arriscar-se a se desesperar...Tentar é arriscar-se a falhar...Mas devemos nos arriscar!O maior perigo na vida está em não arriscar.Aquele que não arrisca nada...Não faz nada...Não tem nada...Não é nada... "

RUDYARD KIPLING (escritor britânico)Foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Literatura em 1907


A Todos um OBRIGADO e BOM FIM DE SEMANA

terça-feira, junho 20, 2006

Divagações


Vamos pela vida intercalando épocas de entusiasmo com épocas de desilusão. De vez em quando andamos inchados como velas e caminhamos velozes pelo mar do mundo; noutras ocasiões - mais frequentes do que as outras - estamos murchos como folhas que o tempo engelhou. Temos períodos dourados, em que caminhamos sobre nuvens e tudo nos parece maravilhoso, e outros - tão cinzentos! - em que talvez nos apetecesse adormecer e ficar assim durante o tempo necessário para que tudo voltasse a ser belo.Acontece-nos a todos e constitui, sem dúvida, um sinal de imaturidade. Somos ainda crianças em muitos aspectos.A verdade é que não temos razões para nos deixarmos levar demasiado por entusiasmos, pois já devíamos ter aprendido que não podem ser duradouros.A vida é que é, e não pode ser mais do que isso.Desejamos muito uma coisa, pensamos que se a alcançarmos obtemos uma espécie de céu, batemo-nos por ela com todas as forças. Mas quando, finalmente, obtemos o que tanto desejávamos, passamos por duas fases desconcertantes. A primeira é um medo terrível de perder o que conquistámos: porque conhecemos o que aconteceu anteriormente a outras pessoas em situações semelhantes à nossa; porque existe a morte, a doença, o roubo...A segunda fase chega com o tempo e não costuma demorar muito: sucede que aquilo que obtivemos perde - lentamente ou de um dia para o outro - o encanto. Gastou-se o dourado, esboroou-se o algodão das nuvens. Aquilo já não nos proporciona um paraíso.E é nesse momento que chega a desilusão, com todo o seu cortejo de possíveis consequências desagradáveis: podem passar-nos pela cabeça coisas como mudarmos de profissão, mudarmos de clube, trocarmos de automóvel ou de casa, divorciarmo-nos... E, então, surge o desejo de partir atrás de outro entusiasmo: queremos voltar a amar...Nunca mais conseguimos aprender o que é o amor.Se nos desiludimos, a culpa não está nas coisas nem está nas outras pessoas. Se nos desiludimos, a culpa é nossa: porque nos deixámos iludir; porque nos deixámos levar por uma ilusão. Uma ilusão - há quem ganhe a vida a fazer ilusionismo - consiste em vestir com uma roupagem excessiva e falsa a realidade, de modo a distorcê-la ou a fazê-la parecer mais do que aquilo que é.Quando nos desiludimos não estamos a ser justos nem com as pessoas nem com as coisas.Nenhuma pessoa, nenhuma das coisas com que lidamos pode satisfazer plenamente o nosso desejo de bem, de felicidade, de beleza. Em primeiro lugar porque não são perfeitas (só a ilusão pode, temporariamente, fazer-nos ver nelas a perfeição). Depois, porque não são incorruptíveis nem eternas: apodrecem, gastam-se, engelham-se, engordam, quebram-se, ganham rugas... terminam.Aquilo que procuramos - faz parte da nossa estrutura, não o podemos evitar - é perfeito e não tem fim. E não nos contentamos com menos de que isso. É por essa razão que nos desiludimos e que de novo nos iludimos: andamos à procura...De resto, se todos ambicionamos um bem perfeito e eterno, ele deve existir. Só pode acontecer que exista. Mas deve ser preciso procurar num lugar mais adequado.

domingo, junho 11, 2006

Evolução...

Ao princípio era o vazio. Depois o vazio contriu-se (...) Teria sido por vontade sua ou alguma coisa o obrigou? Ninguém pode saber, o que está demasiado contraído acaba por explodir, com raiva, com furor. Do vazio nasceu um clarão intolerável, dispersou-se no espaço, lá em baixo já não havia treva, havia luz. Foi da luz que proveio o universo, estilhacos alucinados de energia projectados no espaço e no tempo .


Correndo, correndo, formaram as estrelas e os planetas.


O fogo e a matéria. Poderia ter bastado, mas não bastou. As moléculas de aminoácidos continuaram, milénio após milénio, a mofificar-se constantemente, até que a vida nasceu: seres unicelulares microscópicos que precisam de uma bactéria para respirar. Foi daí, desses charcos primordiais, com um movimento progressivo de ordem, que nasceram todas as formas de vida:

os grandes cetáceos dos abismos e borboletas, as borboletas e as flores que lhes albergam as larvas.




E o homem que, em vez de andar com quatro patas, anda com duas. De quatro para duas tudo muda, o céu fica mais perto, as mãos ficam vazias: quatro dedos móveis e um polegar oponível podem agarrar tudo.


E é a liberdade, o domínio do espaço, a acção, o movimento, a possibilidade de gerar ... ... ...

Ordem



ou

Desordem ...

Retirado do livro de Susanna Tamaro , A Alma do Mundo - Anima Mundi, este texto oferece uma visão mais breve e quase filosófica, do tema EVOLUÇÃO

E surge porque, por vezes, gosto de pensar nestas matérias a nível menos ciêntifico, por forma a dar espaço para a reflexão...

Uma óptima semana !

Todas as fotos foram retiradas de www.olhares.com

segunda-feira, junho 05, 2006

Reflexão !

António Lobo Antunes começou por utilizar o material psíquico que tinha marcado toda uma geração: os enredos das crises conjugais, as contradições revolucionárias de uma burguesia empolgada ou agredida pelo 25 de Abril, os traumas profundos da guerra colonial e o regresso dos colonizadores à pátria primitiva. Isto permitiu-lhe, de imediato, obter um reconhecimento junto dos leitores, que, no entanto, não foi suficientemente acompanhado pelo lado da crítica. As desconfianças em relação a um estranho que se intrometia no meio literário, a pouca adesão a um estilo excessivo que rapidamente foi classificado de "gongórico" e o próprio sucesso de público, contribuíram para alguns desentendimentos persistentes que se começaram a desvanecer com a repercussão internacional (em particular em França) que a obra de António Lobo Antunes obteve.

Extrato da biografia de António Lobo Antunes, retirado do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas.


Scream, Munch


Tinha a certeza que sonhara aquele sonho na véspera ou na antevéspera
na véspera
e por isso mesmo, sem acordar, pensava
- Não merece a pena preocupar-me já conheço isto
desinteressado de episódios que sabia falsos
- Estou a dormir
me assustaram ontem, não me assustavam mais
- Para quê ralar-me tudo mentira
consciente da posição do corpo na cama, de uma prega de lençol a doer sob a perna, da almofada
como sempre
a escorregar entre o colchão e a parede, os dedos
independentes, sozinhos
procuravam-na, agarravam-na, traziam-na de volta, dobravam-na sob a bochecha que por seu turno se dobrava nela, que parte de mim a almofada e que parte a bochecha, os braços prendiam a fronha e eu a assistir aos braços
- São meus
espantado de me pertencerem, consciente que um dos plátanos da cerca, de noite um borrão no vidro e agora nítido, entrava sono dentro erguendo-me a cabeça
apenas a cabeça visto que a prega do lençol continuava a doer
na direcção da janela a seguir ao gabinete onde o médico escrevia uma informação ou um relatório
a secretária, a cadeira e o armário velhos, a porta sempre aberta por onde os doentes espreitavam a pedir cigarros, sujos de barba, de olhos mortos
nunca fui capaz de comer os olhos dos peixes no restaurante, o meu tio espetava o garfo e eu cego, a gritar
não reparam em mim, nunca ninguém repara, os enfermeiros limitavam-se a empurrar-me para fora
- Vamos lá vamos lá

in Que farei quando tudo arde?, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2ª ed., 2001, pp.11

Gosto da obra de António Lobo Antunes. Pesquisava algo sobre ele quando li este excerto.
As memórias das aulas no hospital Miguel Bombarda emergiram. Para quem já lá esteve,sabe que à entrada, somos confrontados com os seus utentes. Neles, nada há de mal... muitas vezes entrava no recinto exterior e já tinha alguém educadamente, a pedir: "Não tem um cigarrro sra dra?" Acho que nunca recusei nenhum... Para eles, não era necessário saber se eu era a empregada que tratava da limpeza, uma estudante, ou alguém já formado. O seu mundo resumia-se a eles mesmo e ao que os rodeava naquele instante. Se estava a entrar naquele sitio, então, nada mais poderia ser senão DRA.
Foram vários os dias que por lá andei, mas sempre me deparei com a grande solidão reinante. A consciência de si próprios existia algumas vezes, outras não... eram simples seres que embrulhados dentro de si mesmos faziam circulos num chão já gasto, pensando... delirando...com medo...sem medo...sedados! No jardim interior poucos estavam, mas se lá se encontravam, a mesma face aparecia... ausente!!!

Voltando ao nosso mundo, aquele em que todos têm, ou deveriam ter, consciência de si próprios e dos actos que praticam, levanta-se a mesma questão. Os medos não existem? A solidão, não existe? E aquela a que chamo, solidão acompanhada, onde nos encontramos envolvidos por multidões, mas somos seres estanques. Não existe? Nada disto existe em nós? Aqueles que se consideram, e são considerados pelos pares, como seres perfeitamente normais...?!