sábado, janeiro 27, 2007

Para uma grande Amiga


Uma ponte! União entre dois extremos!
É por aqui que que nos perdemos. Eu e a minha quatro patas. Caminhando ouço-a correr, pular, saltar. Meia volta e aparece de novo. Orelhas esvoaçantes, olhos alegres, vamos procurar o que ficou perdido no tempo. Procuramos o que nos foi dado para depois nos ser retirado sem tão pouco disso nos termos apercebido. Não precisamos falar... a palavra para nós não existe. Basta o olhar! O tempo... esse está garantido!
Num olhar está permitida a total liberdade. Sem pressa vou andando e ouvindo as folhas a cederem sobre o meu peso. Para além disso, silêncio total! Só estamos as duas mais a natureza que nos envolve. Correria louca que lá vai... feliz por estar com a sua dona! De repente... splashhh, ganidos e água por todos os lados. "Grande tonta, tanto correste que nem deste pelo lago que tinhas à tua frente. Sai daí! Só te dou uma ajudinha!!" E, lá vem ela, já nem se lembrando do susto que apanhou. Continua correndo, da cor da vegetação, quase não se vê. Mas ouço-a! É um vai e vem tresloucado à minha frente.
A brisa que corre ajuda a colocar os pensamentos em ordem.
Finalmente, chegamos a nossa casa. Abro a porta e, claro "Primeiro as senhoras de quatro patas"!!! Breve passeio pelos aposentos, não vá haver algum intruso... mas não! Estamos sózinhas com as nossas recordações. A nossa musica toca, o nosso piano está no mesmo sitio onde sempre esteve e para terminar um belo pulo para cima do sofá, onde está quentinho e onde gostamos de nos sentir. Uns olhinhos perguntam "E agora dona, para onde vais?"... Basta-me olhar para ela para que perceba que não terá mais que se separar da sua Dona! Com um suspiro... adormece sentindo a minha presença e ... tendo a certeza que os Amigos nunca se separam!

domingo, janeiro 21, 2007

Música e emoções

"A música nem sempre é composta como uma manifestação de alegria, prazer ou exultação da beleza e harmonia do mundo. A verdade é que o mundo nem sempre é belo. Nem sempre, portanto, a música consegue ou quer fazer-nos cantar. Nem sempre os compositores querem partilhar alegria e esperança. O problema é que o mundo não é fácil. E a música, em certos momentos, também não pode ser fácil. Só pode mesmo, pelo menos, ser tão difícil como o mundo; só pode ser um reflexo da dureza do mundo. A intolerância que tem marcado muitos momentos da história e das vidas de milhões de pessoas (incluindo os próprios compositores), marca por vezes também a música. (…) Compositores, no fundo, com a consciência de que a arte também pode tomar parte e tomar posições."

http://www.ccb.pt/ccb/


Ao ler o que aqui vos deixo e, sem querer fazer comparações com os dois compositores a que se faz referência no respectivo concerto, constatei que, de facto, esta é uma realidade importante e que pode ser vista globalmente. Deixo-vos um exemplo onde basta ouvir/ler com atenção a letra...

http://www.youtube.com/watch?v=8IqcFxO6C44


How Can I Go On
by Freddie Mercury
When all the salt is taken from the sea
I stand dethroned, I'm naked and I bleed
But when your finger points so savagely
Is anybody there to believe in me
To hear my plea and take care of me?

How can I go on, from day to day
Who can make me strong in every way
Where can I be safe, where can I belong
In this great big world of sadness
How can I forget those beautiful dreams that we shared
They're lost and they're nowhere to be found
How can I go on?

Sometimes I seem to tremble in the dark, I cannot see
When people frighten me
I try to hide myself so far from the crowd
Is anybody there to comfort me
Lord, take care of me

How can I go on (how can I go on)
From day to day (from day to day)
Who can make me strong (who can make me strong)
In every way (in every way)
Where can f be safe (where can I be safe)
Where can I belong (where can I belong)
In this great big world of sadness
(In this great big world of sadness)
How can I forget (how can I forget)
Those beautiful dreams that we shared
(Those beautiful dreams that we shared)
They're lost and they're nowhere to be found
How can I go on?
Tenham uma boa semana!

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Os Nossos Eus

Independentemente do que posso ou não considerar, deixo uma citação de Virginia Woolf.

"Esses eus de que somos feitos, sobrepostos como pratos empilhados nas mãos de um empregado de mesa, têm outros vínculos, outras simpatias, pequenas constituições e direitos próprios - chamem-lhes o que quiserem (e muitas destas coisas nem sequer têm nome) - de modo que um deles só comparece se chover, outro só numa sala de cortinados verdes, outro se Mrs. Jones não estiver presente, outro ainda se se lhe prometer um copo de vinho - e assim por diante; pois cada indivíduo poderá multiplicar, a partir da sua experiência pessoal, os diversos compromissos que os seus diversos eus estabelecerem consigo - e alguns são demasiado absurdos e ridículos para figurarem numa obra impressa."

Virginia Woolf, in "Orlando"