quarta-feira, abril 25, 2007

O dia seguinte.




26 de Abril de 1974!

Um dia de escola igual a todos os outros!
De manhã, pela rua íngreme várias crianças subiam para mais um dia das suas vidas. Não sabiam no entanto que as esperava um dia de férias.
Chegadas ao espaço que todos os dias as recolhia, um ambiente estranho iriam perceber.

Ao entrar no átrio da sua habitual salinha, alguém diz: “A professora está em cima da cadeira a tirar umas coisas da parede!!!!!” Atónitas, olhamos umas para as outras!!! Já era estranho ainda nos ser permitido continuar na brincadeira quanto mais a professora estar em cima da cadeira… mas a curiosidade deu força às mais corajosas que se começaram a aproximar da porta da sala.
Várias cabecinhas espreitavam para ver o que se estava a passar dentro da sua sala… aparentemente, a professora e auxiliar não se aperceberam das presenças… atónitas, víamos as habituais e enormes fotografias que nos acompanhavam por cima do quadro negro, serem despojadas dos seus lugares de destaque!



Opssss!!! Vimos o que não devíamos ter visto!!! De imediato fomos devidamente encaminhadas para o recreio de novo. Passado algum tempo, fomos informadas que deveríamos ir para casa. Não haveria escola nesse dia!!!
No dia seguinte, foi estranho olhar para a frente e ver somente um grande crucifixo naquela parede enorme. Alguém ainda perguntou porque tinham sido retiradas as fotografias. Como resposta, obtivemos algo parecido com “Já não interessam!”

A primeira mudança sentida por quem era criança na altura, vivia fora de Lisboa e, felizmente, não tinha sofrido a ausência de ninguém aquando do antigo regime.

Fotografias: Escola do 1º. Ciclo do Ensino Básico de Lagos.

sábado, abril 21, 2007

Imagens


Da janela aberta entram som, luz e toda a vista que lhe é permitida.
Deambulando pela casa e abrindo caixas e mais caixas, vai retirando objectos…todos têm a sua história, um passado e agora um presente. Sem pressa retira um a um, lembrando o significado de cada um deles.
Silenciosamente, vai embelezando o que antes era vazio e sem vida.
Sem se aperceber, começa a ouvir os sons provenientes do espaço que a rodeia. Não são os mais agradáveis. Apitos, uma travagem forçada, o vizinho que sai e bate com a porta, o som do elevador subindo e a espera anunciada da mais que provável descida…mas não importa. O que outrora foi desagradável passou a fazer parte do que era desejado.
Cai a noite! Olha pela janela e as luzes da cidade já lhe dão outra aparência. Tudo acalmou… uma nova vida emerge!
Perante a vista que lhe é proporcionada, sorri! Aquelas são as suas imagens preferidas, as formas delineadas pelas luzes direccionadas trazem-lhe à memória imagens de um passado que gosta de lembrar…
Imagem retirada da net

domingo, abril 15, 2007

EU... por vezes!

Folheando alguns dos livros em tempos lidos, descobri um excerto que, hoje, achei particularmente relevante:


"Eu quero dormir e não consigo. (...) Eu quero partir e fico. Eu quero morrer e vivo. Eu quero viver e morro devagarinho. Eu quero acordar e durmo. (...) Eu fumo e apetece-me fumar. Eu fumo e não me apetece fumar. Eu falo quando quero estar calado. Eu estou em silêncio quando quero falar. Eu transpiro e está frio. Eu quero amar e não posso. Eu não tenho ar para respirar e no entanto parece que estou vivo. O tempo passa mas eu quero que ele corra e ele não corre. Eu quero paz e tenho guerra. Eu estou na guerra. (...) Choro a rir. Eu quero rir e não consigo. Eu quero ler e as letras desfazem-se em pedaços à minha frente. Eu quero um livro que não existe. (...) Eu fecho os olhos e continuo a ver. Eu abro os olhos e não vejo nada. Eu (...) "

Duarte, Pedro Rolo, in "Sózinho em casa", Oficina do Livro, 2002, pp. 125,126.

(Wim Mertens, Partes extra partes, Al.)

segunda-feira, abril 09, 2007

Recordações

Ai que ninguém volta
Ao que já deixou
Ninguém larga a grande roda
Ninguém sabe onde andou
...
Ai que ninguém lembra
Nem o que sonhou
...
Excerto de "O Pastor", Madredeus, Album: O Espírito da Paz
Algures, um dia, falava com alguém sobre o passado, o nosso passado. O que podíamos ter sido mas não fomos, o que podíamos ter seguido mas não seguimos… chegámos à conclusão de que o que passou, passou e, nem podemos saber o que poderia ter sido se … então, a solução será olhar em frente e seguir!

Desse momento específico nessa praia já só tenho uma ideia. Interrogo-me como conseguia eu fazer a caminhada imensa para lá chegar e voltar, considerando que são uns bons Quilómetros e não havia carro para ninguém (nem idade para isso tínhamos). O que é facto é que era uma delícia ir para a praia no Inverno, o tempo para estudar variava em função dos passeios e não só, tínhamos os sonhos do mundo dentro de nós, crescemos, vivemos, aprendemos!
Hoje e apesar de tudo, penso que não voltaria atrás!
(Lacrimosa [Claudio Abbado])


In the quiet of the night
Let our candle always burn
Let us never lose the lessons we have learned

Queen - Teo Torriate (excerto)

quarta-feira, abril 04, 2007

...


Uma óptima Páscoa para todos!