sábado, março 08, 2008

Reflexão

Fragmento de Guernica, Picasso

Não sou professora nem espero vir a sê-lo. Todavia, foi com agrado que vi a manifestação de hoje se realizar. Professores em luta por várias coisas, entre elas, o sistema de avaliação…e porque não?
Não vou aqui tomar partido de quem quer que seja, mas sim reflectir um pouco sobre a problemática social que nos envolve a nós, portugueses.

Depois de ter sido informada sobre o novo sistema de avaliação na Função Pública, dei comigo a pensar… “bem, vamos de cavalo para burro!”
Não que esteja de acordo com a ausência de avaliação, isso seria uma forma de entrar na anarquia. Mas, existem sistemas de avaliação com os quais podemos ou não estar de acordo. Ao perceber definitivamente a avaliação que será proporcionada aos nossos docentes, acabo por perceber que toda a Função Pública sofrerá do mesmo mal. Cada ministério com as suas especificações e aferições aplicadas ao serviço em si mas, a base é a mesma. Ou seja, estamos a trabalhar para sermos designados por adequados ou inadequados (palavra, na minha perspectiva ofensiva). Bem, mas quem pode dizer que alguém é adequado ou desadequado? Vamos basear-nos em quê? É que o termo em si é demasiado subjectivo. Da subjectividade, como todos sabemos, só pode derivar mais subjectividade.

Desta forma, e porque por experiência própria, fui devidamente (para quem o fez) punida, porque não me sujeitei ao que me era proposto, se é que se pode chamar de proposta… dou por mim a pensar… “Se na altura em que lutei pelos meus direitos estivesse em vigor este sistema de avaliação, de certeza que estaria na faixa dos desadequados!”

Acontece porém que não me considero desadequada (faz-me lembrar os comportamentos desviantes definidos em psicologia…com a ressalva de que essa definição está bem delineada na área que evoco), somente, em determinada altura, resolvi por bem, acabar o que ainda não estava terminado. Como tal, e na altura em que poderia ter subido a quadro superior, acabei sendo transferida do serviço onde estava sem beneficiar de qualquer benesse. Se pensar nos moldes de hoje, por indecente e má figura, para onde ninguém quer estar. Já que nada podia fazer, aceitei o meu novo lugar de cabeça erguida. Tiraram-me muito, mas não me tiraram a minha forma de pensar!!

No entanto, ao ser confrontada com este sistema, verifico que a maioria das pessoas não tem a noção que a luta dos professores é, afinal, a luta de todos nós. Não posso fazer a análise de alguém simplesmente pelo resultado de uma bateria de testes (embora se faça). Muito mais conta, na minha forma de ver. Assim, como posso ser avaliada perante algo tão subjectivo como o sistema que se está a implementar?

Ao ver na TV alguém que se pronunciava sobre a problemática que hoje se verifica, ouço a seguinte ideia: “Não podemos continuar a ter as taxas de insucesso que hoje em dia vigoram!”
Totalmente de acordo!
Convém notar no entanto que aqueles que lutaram e tiveram aproveitamento ao longo da sua vida, chegam ao fim e, com um curso na mão, não têm emprego!

Perante tal constatação, provavelmente existirá algo em que pensar por forma a promover o equilíbrio entre todas as realidades.

Sendo apartidária, regendo-me somente pelo que reconheço digno ou não, correcto ou não, de acordo com os meus valores, considero esta manifestação algo de positivo. Quanto mais não seja, pela possibilidade de abertura de algumas consciências…

2 comentários:

Maria P. disse...

O momento que atravessamos obrigamos a reflectir de um modo geral.
Neste caso, da avaliação corre-se o risco, de se ser avaliado por pessoas que nem sequer são da mesma área de formação, para além da falta de preparação dos avaliadores e falta de informação aos avaliados,tempos complicados...

Beijinho(S) Amiga*

Mocho Falante disse...

Na verdade andamos todos a navegar num mar conturbado, um mar bem revoltado de águas turvas, mas melhores dias virão

beijocas