domingo, abril 26, 2009

Acreditar

Como Agnóstica não sigo qualquer religião. Acredito que embora tenha tentado compreender e assimilar as bases de algumas delas, algo faltou para que pudesse existir identificação. Porém, reconheço que algumas posturas são, de facto, louváveis. Nesse âmbito, e embora sejam palavras retiradas de um livro que em nada toca a religião, não pude deixar de sorrir ao ler as linhas que passo a citar:



“Quase ninguém o sabe, mas o amigo Sempere não punha os pés numa igreja desde o funeral da sua esposa Diana (…) Talvez por isso todos o tomavam por ateu, mas ele era um homem de fé. Acreditava nos amigos, na verdade das coisas e em algo que não se atrevia a dar nome nem rosto (…) O senhor Sempere acreditava que todos fazíamos parte de alguma coisa e que, ao deixarmos este mundo, as nossas recordações, os nossos anseios não se perdiam, passando ao invés a ser as recordações e os anseios daqueles que vinham ocupar o nosso lugar. (…) acreditava que Deus, ou quem quer que aqui nos pusera, vivia em cada uma das nossas acções, em cada uma das nossas palavras, e se manifestava em tudo aquilo que nos fazia ser mais do que meras figuras de barro. (…) acreditava que Deus vivia um pouco, ou muito, nos livros e por isso dedicou toda a sua vida a partilhá-los, a protegê-los e a certificar-se de que as suas páginas, assim como as nossas recordações e os nossos anseios, jamais se perderiam, porque acreditava (…) que, enquanto restasse uma única pessoa no mundo capaz de os ler e de os viver, haveria um pedaço de Deus ou de vida.”

Zafón, Carlos Ruiz, O Jogo do Anjo, p. 423.

domingo, abril 19, 2009

Aproveitamento de Recursos

Por mero acaso, descobri este vídeo que considero uma prova viva de como podemos e/ou devemos associar o nosso conhecimento aos recursos que se prolongam para além de nós, obtendo resultados fantásticos e nobres, contribuindo para o desenvolvimento e/ou felicidade de outrem.

Por vezes, basta um pouco de atenção, sensibilidade e criatividade!

Para que se perceba o verdadeiro sentido das minhas palavras, aconselho acima de tudo, a leitura de toda a informação AQUI.

segunda-feira, abril 13, 2009

Nas nuvens


Algum tempo atrás pensei comprar um livro de leitura mais fácil. Aquilo a que mais propriamente costumo designar por leitura ligth. O objectivo é, simplesmente, ler para distrair. Nada que faça pensar muito. Contudo, mesmo no que se refere a este tipo de leitura reconheço que sou difícil de satisfazer.
Há dias, entrando numa grande superfície, olhei para a confusão de literatura que por lá andava e achei por bem que seria mesmo ali que iria fazer a minha escolha. Olhei para um deles e reconheci a autora. Como tinha gostado do seu primeiro livro e sabia que tinha sido editado um segundo, olhei, achei que me era familiar e…nem pensei duas vezes, foi mesmo aquele!
Numa noite em que o sono não chegava de maneira nenhuma, após ter ouvido n+1 músicas, eram 4h e pouco da madrugada e continuava bem desperta. Dada a situação, peguei no livro que estava a ler e pensei que seria através dele que viria o sono. Enganei-me! Acabei de lê-lo e… às 5h continuava tal e qual. Fui então buscar o que havia comprado dias atrás optando já por ler deitada. Primeira página…pareceu-me familiar. Segunda página…já tinha lido aquelas palavras em algum lugar, mas pensei que de alguma forma estivesse relacionado com o primeiro livro que tinha lido da autora. Terceira página… “Impossível!!! Eu já li isto!!!!” Virei a capa do livro para ver melhor e, de facto, o livro era-me totalmente familiar. De repente fiz a associação e, não querendo ainda acreditar, pulei da cama e vim procurar o objecto da primeira leitura. Para grande espanto e exaltação da minha parte, descobri que tinha comprado duas vezes o mesmo livro!
Se às 5 da manhã não dormia, depois desta brilhante descoberta eram quase 6h e ainda estava a “remoer”…
Não me lembro a que horas adormeci (felizmente era fim de semana), mas lembro-me de acordar e, não só lembrar-me de imediato da brilhante asneira que tinha feito, como também de pensar: “Caramba, tens que regressar à terra!!!”
Imagem de Pedro Casquilho

sexta-feira, abril 10, 2009

Imaginário


Esta foi a perspectiva visual enquanto criança. Tudo era grande, tudo significava descoberta, alegria, liberdade. Os cavalos, tão grandes e brancos, que “guardavam” serenamente os belos cisnes… havia-os bancos e pretos, mas a sua preferência eram os brancos. Os patos que os acompanhavam…
Pequenina, espreitava para o que considerava ser as suas casas, meras aberturas na pedra esculpida. Numa altura em que as questões têm sempre respostas, a preocupação era se a “casa dos patos” era grande para todos, porque fazia frio e eles tinham que se abrigar. E porque nessa altura haviam soluções apaziguadoras para tudo, de imediato a preocupação se dissipava para dar lugar somente ao conteúdo de um imaginário infantil.
Mas o tempo passou e ficou apenas a ideia de um lugar encantado, onde o passado se mistura com o presente na nostalgia das interrogações que hoje não têm resposta. As lágrimas vertidas com o que não era esperado, deixaram um sulco profundo que não mais poderá ser tapado. Os sorrisos em tempo de felicidade diluem-se em cada olhar, os risos calcam-se em cada passo… mas porque outrora foi um lugar encantado, hoje é depósito de esperanças que não podem deixar de existir, mesmo que sonhadas …


Imagem: O "meu" Jardim de Belém.

sábado, abril 04, 2009

Pétala de Rosa



Porque foste na vida

A última esperança

Encontrar-te me fez criança

Porque já eras meu

Sem eu saber querer

Porque és o meu homem

E eu tua mulher.



Porque tu me chegaste

Sem me dizer que vinhas

E as tuas mãos foram minhas com calma

Porque foste em minh'alma

Como um amanhecer

Porque foste o que tinha que ser.


Vinicius de Moraes


Poema encontrado manuscrito, em papel de pétala de rosa, num bolsilho interior da mala chamuscada de S. (leia-se, Snu Abecassis), pela Polícia de Investigação Criminal, após a queda da avioneta em que viajava para o Porto.

"O ùltimo Minuto da Vida de S.". Real, Miguel.



Pessoas que fizeram parte da nossa história enquanto país. Figuras públicas que muito criticadas foram, na altura, pela sua ligação. E a sua beleza num cenário horrendo!


Imagem: Escultura de Auguste Rodin, retirada daqui.

quarta-feira, abril 01, 2009

Nova oferta.



Desta vez fui agradávelmente presenteada pelo Daniel Silva, com o Prémio Sair das Palavras.

É pois com muito gosto que o recebo e guardo.

Obrigado, Daniel!