São lindos, não são? Selvagens, amarelos e brilhantes. Tudo à sua volta brilha com tanta côr!Nenhuma imagem poderia falar melhor de ti, senão estas flores que têm o teu nome. Desde muito cedo a tua vida começou, sempre a trabalhar. Casaste, divorciaste-te e voltaste a casar. Se o divórcio já era algo que te tornasse diferente, casar de novo e aceitar tudo, fazia de ti alguém quase extraterrestre. Mas, não te importaste!!!
Andaste por terras espanholas, vieste para Portugal e trabalhaste pelo Algarve inteiro. Com família na ponta oposta do Algarve, em Lagos fizeste uma grande parte da tua vida.
Carpinteiro Naval de profissão, gostavas do mar qb. Melhor em terra e vê-lo do que nele estar e ver terra. Dizias sempre " Com o mar, não se brinca!" Nas "horas vagas" foste banheiro, meteriologista particular, artista como poucos existem.
A tua arte saia pelas tuas mãos, pela tua inteligência, pela tua forma de encarar a vida. Quem estivesse perto de ti, não tinha muito tempo para estar triste. Conseguias pôr uma plateia inteira a rir e tudo era puro e vindo do mais profundo do teu ser. Se estavas numa mesa de família, era melhor ter cuidado, não fosse causares o engasgo de alguém, claro a tua esposa não gostava muito da questão mas, perante todos a rirem, olhavas para ela com olhar matreiro.
Das tuas mãos sairam barcos em miníatura, barcos que navegaram (incluindo o nosso) um violino, em tempo muito idos e mais n coisas que apanhavas e delas saía sempre qualquer coisa.
Lembro-me do dia em que me contaram a verdadeira realidade... estavas apreensivo e, não era para menos! Mas Avô, eu só te conhecia a ti. Eu era a tua bleblé, sabe-se lá porque este nome? Mas era o que me chamavas! Não era nesse dia que as coisas iriam mudar. Sei que ficaste feliz, embora não o mostrasses. A partir desse dia, a cumplicidade entre nós foi crescendo... Tinhamos os nossos segredos que nunca ninguém soube, não era Avô? Nem a AVó!!! Mas aqui também não os vou expôr. Foram, são e serão, só nossos!
Pedi-te, ainda adolescente, para me fazeres um barco, como os que fazias para vender, mas que acabavas sempre por perder dinheiro. Punhas tudo e todos ao rubro, quando um barco se ia e dinheiro... nem vê-lo! Não te interessava, querias era fazê-los e encolhias os ombros sempre que alguém te chamava a atenção!
A tua imagem, de barco debaixo do braço, na hora do almoço, a entrar pela casa dentro para me entregares o que te tinha pedido, nunca me esquecerei, nem me esquecerei do raspanete que te preguei quando descobri que o fizeste à pressa com medo de não o conseguires acabar. E tu rias...
Sei que te orgulharias das netas que tens. Mas mais orgulhosa estou eu por te ter tido como Avô! Valeu por uma existência inteira!!!
I STILL LOVE YOU
Alargo esta homenagem que fiz ao meu querido Avô, a todos aqueles que faleceram na catástrofe horrenda de 11 de Setembro e em particular a todos os Avôs e Avós que lá deixaram as suas vidas!