Zafón, Carlos Ruiz, O Jogo do Anjo, p. 423.
domingo, abril 26, 2009
Acreditar
Como Agnóstica não sigo qualquer religião. Acredito que embora tenha tentado compreender e assimilar as bases de algumas delas, algo faltou para que pudesse existir identificação. Porém, reconheço que algumas posturas são, de facto, louváveis. Nesse âmbito, e embora sejam palavras retiradas de um livro que em nada toca a religião, não pude deixar de sorrir ao ler as linhas que passo a citar:
“Quase ninguém o sabe, mas o amigo Sempere não punha os pés numa igreja desde o funeral da sua esposa Diana (…) Talvez por isso todos o tomavam por ateu, mas ele era um homem de fé. Acreditava nos amigos, na verdade das coisas e em algo que não se atrevia a dar nome nem rosto (…) O senhor Sempere acreditava que todos fazíamos parte de alguma coisa e que, ao deixarmos este mundo, as nossas recordações, os nossos anseios não se perdiam, passando ao invés a ser as recordações e os anseios daqueles que vinham ocupar o nosso lugar. (…) acreditava que Deus, ou quem quer que aqui nos pusera, vivia em cada uma das nossas acções, em cada uma das nossas palavras, e se manifestava em tudo aquilo que nos fazia ser mais do que meras figuras de barro. (…) acreditava que Deus vivia um pouco, ou muito, nos livros e por isso dedicou toda a sua vida a partilhá-los, a protegê-los e a certificar-se de que as suas páginas, assim como as nossas recordações e os nossos anseios, jamais se perderiam, porque acreditava (…) que, enquanto restasse uma única pessoa no mundo capaz de os ler e de os viver, haveria um pedaço de Deus ou de vida.”
Zafón, Carlos Ruiz, O Jogo do Anjo, p. 423.
Imagem retirada de GONIO, Blog Palavras Impressas
domingo, abril 19, 2009
Aproveitamento de Recursos
Por mero acaso, descobri este vídeo que considero uma prova viva de como podemos e/ou devemos associar o nosso conhecimento aos recursos que se prolongam para além de nós, obtendo resultados fantásticos e nobres, contribuindo para o desenvolvimento e/ou felicidade de outrem.
Por vezes, basta um pouco de atenção, sensibilidade e criatividade!
Para que se perceba o verdadeiro sentido das minhas palavras, aconselho acima de tudo, a leitura de toda a informação AQUI.
segunda-feira, abril 13, 2009
Nas nuvens
Algum tempo atrás pensei comprar um livro de leitura mais fácil. Aquilo a que mais propriamente costumo designar por leitura ligth. O objectivo é, simplesmente, ler para distrair. Nada que faça pensar muito. Contudo, mesmo no que se refere a este tipo de leitura reconheço que sou difícil de satisfazer.
Há dias, entrando numa grande superfície, olhei para a confusão de literatura que por lá andava e achei por bem que seria mesmo ali que iria fazer a minha escolha. Olhei para um deles e reconheci a autora. Como tinha gostado do seu primeiro livro e sabia que tinha sido editado um segundo, olhei, achei que me era familiar e…nem pensei duas vezes, foi mesmo aquele!
Numa noite em que o sono não chegava de maneira nenhuma, após ter ouvido n+1 músicas, eram 4h e pouco da madrugada e continuava bem desperta. Dada a situação, peguei no livro que estava a ler e pensei que seria através dele que viria o sono. Enganei-me! Acabei de lê-lo e… às 5h continuava tal e qual. Fui então buscar o que havia comprado dias atrás optando já por ler deitada. Primeira página…pareceu-me familiar. Segunda página…já tinha lido aquelas palavras em algum lugar, mas pensei que de alguma forma estivesse relacionado com o primeiro livro que tinha lido da autora. Terceira página… “Impossível!!! Eu já li isto!!!!” Virei a capa do livro para ver melhor e, de facto, o livro era-me totalmente familiar. De repente fiz a associação e, não querendo ainda acreditar, pulei da cama e vim procurar o objecto da primeira leitura. Para grande espanto e exaltação da minha parte, descobri que tinha comprado duas vezes o mesmo livro!
Se às 5 da manhã não dormia, depois desta brilhante descoberta eram quase 6h e ainda estava a “remoer”…
Não me lembro a que horas adormeci (felizmente era fim de semana), mas lembro-me de acordar e, não só lembrar-me de imediato da brilhante asneira que tinha feito, como também de pensar: “Caramba, tens que regressar à terra!!!”
Imagem de Pedro Casquilho
sexta-feira, abril 10, 2009
Imaginário
Esta foi a perspectiva visual enquanto criança. Tudo era grande, tudo significava descoberta, alegria, liberdade. Os cavalos, tão grandes e brancos, que “guardavam” serenamente os belos cisnes… havia-os bancos e pretos, mas a sua preferência eram os brancos. Os patos que os acompanhavam…
Pequenina, espreitava para o que considerava ser as suas casas, meras aberturas na pedra esculpida. Numa altura em que as questões têm sempre respostas, a preocupação era se a “casa dos patos” era grande para todos, porque fazia frio e eles tinham que se abrigar. E porque nessa altura haviam soluções apaziguadoras para tudo, de imediato a preocupação se dissipava para dar lugar somente ao conteúdo de um imaginário infantil.
Pequenina, espreitava para o que considerava ser as suas casas, meras aberturas na pedra esculpida. Numa altura em que as questões têm sempre respostas, a preocupação era se a “casa dos patos” era grande para todos, porque fazia frio e eles tinham que se abrigar. E porque nessa altura haviam soluções apaziguadoras para tudo, de imediato a preocupação se dissipava para dar lugar somente ao conteúdo de um imaginário infantil.
Mas o tempo passou e ficou apenas a ideia de um lugar encantado, onde o passado se mistura com o presente na nostalgia das interrogações que hoje não têm resposta. As lágrimas vertidas com o que não era esperado, deixaram um sulco profundo que não mais poderá ser tapado. Os sorrisos em tempo de felicidade diluem-se em cada olhar, os risos calcam-se em cada passo… mas porque outrora foi um lugar encantado, hoje é depósito de esperanças que não podem deixar de existir, mesmo que sonhadas …
Imagem: O "meu" Jardim de Belém.
sábado, abril 04, 2009
Pétala de Rosa
Porque foste na vida
A última esperança
Encontrar-te me fez criança
Porque já eras meu
Sem eu saber querer
Porque és o meu homem
E eu tua mulher.
Porque tu me chegaste
Sem me dizer que vinhas
E as tuas mãos foram minhas com calma
Porque foste em minh'alma
Como um amanhecer
Porque foste o que tinha que ser.
Vinicius de Moraes
Poema encontrado manuscrito, em papel de pétala de rosa, num bolsilho interior da mala chamuscada de S. (leia-se, Snu Abecassis), pela Polícia de Investigação Criminal, após a queda da avioneta em que viajava para o Porto.
"O ùltimo Minuto da Vida de S.". Real, Miguel.
Pessoas que fizeram parte da nossa história enquanto país. Figuras públicas que muito criticadas foram, na altura, pela sua ligação. E a sua beleza num cenário horrendo!
quarta-feira, abril 01, 2009
Nova oferta.
Desta vez fui agradávelmente presenteada pelo Daniel Silva, com o Prémio Sair das Palavras.
É pois com muito gosto que o recebo e guardo.
Obrigado, Daniel!
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