Olhando hoje para o que foi, em tempos, local preferido de brincadeiras, recordo o pouco que me ficou do que dentro destas paredes existe ou, existia. Obviamente o que hoje me parece totalmente normal em proporção, na memória surge como um objecto de sonho enorme, cuja luz encantada entrava, iluminando paredes e objectos que nos rodeavam.
Todas as janelas trazem uma imagem, todas elas uma sensação há muito sentida...
...
.
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
9 comentários:
olá...
finalmente um texto...e as janelas para olhar o mundo ou o interior???
feliz fim-de-semana
um beijinho de amizade
RPM
Agora sou eu que me queixo.
Então não ias à exposição da Ana?
Passei para te deixar um beijo e desejar um bom domingo.Parei,li, olhei e pensei. Saio cheia de recordações.
Obrigada
As imagens hoje voltaram através da janela da recordação!
É muito bom ler Fernando Pessoa, o meu poeta predilecto.
Beijinhos.
As Janelas!!
Como se expressam bem os sentimentos em cada janela.
beijinhos:)
Muito bonito
Um beijinho
Como te entendo... e como me revi neste teu post.
Saudades...
E beijokas*
Este belo texto e as fotos que o ilustram... seguido do poema de Fernando Pessoa... aliado ao som fabuloso do teu espaço... as três razões do meu encantamento de hoje.
Beijo
Eu também briquei nessa casa, quando era miúda! Será que nos conhecemos??????
Enviar um comentário