quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Ilusão


Quem não se lembra de alguém lhe ter dito que ouvia o barulho do mar se escutasse através de um búzio? Quem não se lembra de fazer a experiência e… de facto ouvir o mar através de algo que dele provêm. Quem já fez este gesto, fê-lo com certeza em criança, criando a ilusão errada mas mágica de que o que ouvia era o mar!
Uma grande parte de nós ainda repete este movimento embora com consciência de que é o próprio cérebro que lhe irá dar a ouvir aquilo que há muito lhe foi transmitido.
No entanto e embora ilusão, quem não gosta de dar esse prazer a uma criança face à felicidade da nova descoberta?
Um dia a descoberta será desmistificada, mas a magia continuará!
«As ilusões», dizia-me o meu amigo, «talvez sejam em tão grande número quanto as relações dos homens entre si ou entre os homens e as coisas. E, quando a ilusão desaparece, ou seja, quando vemos o ser ou o facto tal como existe fora de nós, experimentamos um sentimento bizarro, metade dele complicada pela lástima da fantasia desaparecida, metade pela surpresa agradável diante da novidade, diante do facto real».
Charles Baudelaire, in 'Pequenos Poemas em Prosa'
" O Citador"
" A menina e o búzio", Pastel de óleo, Alexandra, 19...

15 comentários:

Isabel José António disse...

Querida Amiga Alexandra,

Quando se observa o seu "Profile", e depara com os livros que lá indica, para mim ressaltam quase todos, pois quase todos também os li.

Existem dois que gostava, vivamente de lhe recomendar:

À PROCURA DE ESPINOSA - António Damásio - Europa América (Na sequência de O ERRO DE DESCARTES e de O SENTIMENTO DE SI)

e

UM NOVO MUNDO - Eckhart Tolle - Pergaminho (saído um pouco antes do Natal de 2006


Sobre a escuta dos búzios e das ilusões, gostava de comentar o seguinte:

A grande e maior ilusão de todas é pensarmos que estamos todos separados; que cada um é por si e responde por si.

Claro que ao nível quotidiano isso é o que se verifica. Cada um é responsável pelos seus actos e responderá, inclusivé civilmente, por eles.

Mas se pensarmos a um nível mais profundo (ou elevado) verificamos que todos somos constituídos pelas mesmas partículas subatómicas (quer físicas quer moleculares). Essas partículas que têm durações, que variam desde fracções de milésimos de segundo a biliões de anos luz, uma vez postas em contacto umas com as outras nunca mais deixam de interagir umas com as outras. Estejam elas onde estiverem mesmo que separadas por milhares ou milhões de quilómetros ( vidé o Tão da Física, o Inconsciente Colectivo, and so on, and so on.

Ora é nesse mundo das partículas, de que todos somos feitos, onde o NADA e o TUDO azem parte dum GRANDE TODO. Os nossos olhos não veem, mas é desse grande espaço "vazio" que tudo acontece e começa e finda. Esta é a REALIDADE CÓSMICA. E se é cósmica também é espiritual, física, mental, etc., etc.

Tudo o resto que contrarie esta realidade é que é uma grande ilusão. E as consequências dessa ilusão são as que estão à frente dos nossos olhos (guerras, fome desentendimentos, ganâncias, lutas pelo poder desde as pessoas até aos países, mundial, etc, arrogância, intolerância...

Enquanto não tivermos consciência disto, tudo ficará na mesma.

Temos pois de ser nós a MUDANÇA FUNDAMENTAL. Se a mudança não começar por nós, por onde começará?
Todas as mudanças já foram experimentadas (Idade Média, Ranascimento, Revolução Burguesa, Capitalismo, Socialismo entre outras) emas essa ignorância (ou Ilusão) de que acima falo, resulta sempre no que se vê...

Então é tempo de SERMOS NÓS essa mudança. Passar a deixar de estarmos fixados no TER para nos fixarmos no SER.

E SER o quê? Sermos a Consciência, que se manifesta num corpo físico, mental, emocional, etc.

Sermos essa Consciência que se interroga e pode formular as perguntas: O que estou a fazer? Quem sou eu? Para onde vou? Isto independentemente do caminho que se escolheu para trilhar. Aliás, não há caminho. O Caminho faz-se caminhando.

Umas vezes temos ilusões, outras não.

Um grande beijinho e desculpe todos estes comentários, por vezes tão longos ou talvez despropositados.

Tudo está dentro de cada SER. Temos o Universo dentro de nós. Há, apenas, que ter e ser CONSCIÊNCIA e CAMINHAR.

Bom resto de semana.

José António

Nuno Guronsan disse...

De vez em quando ainda gosto de ouvir o mar através dos búzios ou das conchas, especialmente se não estiver perto da música tocadas pelas suas ondas...

Beijos.

Páginas Soltas disse...

Como resido perto do mar :)...
ele tem um fascínio sobre mim!

Muitos dos meus poemas...são escritos... a ouvir o som do mar...

PS: Talvez estejamos muito perto :)

Boa semana e beijinhos da
Maria

Isabel José António disse...

Querida Amiga Alexandra,

Rectifico o nome de um dos livros:
"AO ENCONTRO DE ESPINOSA", é que é o título correcto.

Mais uma vez, obrigado pelas suas palavras e visita no nosso cantinho.

Sem querer, de alguma forma, abusar, não tem uma morada e email ou um telemóvel?

Qualquer um de nós forneceria o nosso e depois apaga-se o comentário ponde tivermos fornecido esses dados. Porquê este pedido?

Todos os dias mando um SMS via telemóvel a tantas pessoas, de norte a sul, passando pelas ilhas, que poderia muito bem inclui-la nessa lista... O email seria para podermos estabelecer um diálogo mais aberto, sem ter linguagem cifrada.

Claro que a ÉTICA seria a tónica desses SMSs ou mensagens por email.

Isto é apenas uma primeira abordagem, ok! Se não lhe agradasse a ideia, oK, também.

Um abraço

José António

Diafragma disse...

Espectacular!
Pelo forma como transmite o movimento e o próprio encanto da experiência. Pela cor e pela originalidade da perspectiva.
Muito bonito, espero sinceramente ver mais...

ps: quando vou a uma exposição, primeiro aprecio os quadros e só depois leio os textos.

Anónimo disse...

Que divertido que era ouvir o barulho do mar através de um búzio...
Excelente "post", também gostei muito da pintura!
Bjs.

Pedro Branco disse...

Passei por aqui e "ouvi-te". Gostei. Voltarei. Beijo.

João Cordeiro disse...

Obrigada pela tua visita. Volta sempre, que eu também.
Beijo sonhador.
Temos muitos gostos em comum... principalmente musicais :-)

redonda disse...

Às vezes quando olho para o passado, em determinadas idades, além dos factos reais, recordo também os sonhos e ilusões e surgem-me com uma importância semelhante.

Anónimo disse...

Olá Alexandra,
Entre a ilusão e o real...
Continuemos a escutar o mar nos búzios que valem a pena...
Manter o equilibrio entre o real e a ilusão mas com os pés na terra!
Sabendo aquilo que somos e como queremos estar.
Mas...
é bom continuar a ouvir o mar...
Gostei muito!
Um beijinho,
mªjose

Angela disse...

Não poderia estar mais de acordo. No nosso olhar há sempre uma grande percentagem de ilusão. A nossa percepção dos outros, dos objectos, do mundo, enfim, das inúmeras realidades que nos rodeiam nunca é virgem, ou seja, está sempre condicionada pela nossa própria realidade, pelas nossas crenças, culturas, ambiente, etc. Com o tempo, acabamos por sair um pouco de nós próprios e o que vemos, ou passa a ser uma decepção ou então transforma-se numa maravilhosa surpresa.

Indo um pouco ao encontro do teu post, este ano tive uma experiência muito agradável. Eu nunca apreciei muito o Carnaval. Em criança sim, pois ficava sempre entusiasmada com a ideia de comprar uma máscara. Depois, com o passar do tempo, a fantasia esvaneceu-se. Mas este ano, através da alegria e felicidade da minha filhota, voltei a olhar para o Carnaval de forma diferente. Redescobri o seu lado mágico e senti-me feliz.

Beijinho grande.

Isa e Luis disse...

Será mesmo ilusão, ou ouve-se de facto alguma coisa?
Se encostares o búzio ao ouvido e fizeres um pouco de pressão,o bater do teu coração ressoa nas espiras do búzio fazendo-te ouvir algo parecido com o som do mar.
Um beijo
Luis

Páginas Soltas disse...

Passei para te desejar uma boa semana....

Voltarei para descobrir algo de novo...

Beijinhos da
Maria

Maria P. disse...

Para quem vive perto do mar, essa magia nunca acaba, eu adoro essa ilusão.

E bela magia o teu post também.

beijinho*

Maria P. disse...
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