"Eu quero dormir e não consigo. (...) Eu quero partir e fico. Eu quero morrer e vivo. Eu quero viver e morro devagarinho. Eu quero acordar e durmo. (...) Eu fumo e apetece-me fumar. Eu fumo e não me apetece fumar. Eu falo quando quero estar calado. Eu estou em silêncio quando quero falar. Eu transpiro e está frio. Eu quero amar e não posso. Eu não tenho ar para respirar e no entanto parece que estou vivo. O tempo passa mas eu quero que ele corra e ele não corre. Eu quero paz e tenho guerra. Eu estou na guerra. (...) Choro a rir. Eu quero rir e não consigo. Eu quero ler e as letras desfazem-se em pedaços à minha frente. Eu quero um livro que não existe. (...) Eu fecho os olhos e continuo a ver. Eu abro os olhos e não vejo nada. Eu (...) "
Duarte, Pedro Rolo, in "Sózinho em casa", Oficina do Livro, 2002, pp. 125,126.
(Wim Mertens, Partes extra partes, Al.)
13 comentários:
Particularmente e relevante, são estas as palavras que particularmente achei relevantes:).
Nós por vezes...
Bjo
Por vezes nós queremos tudo e não queremos nada! A chamada contradição dos nossos desejos e sentidos, que nos leva por vezes ao tal desespero sobre tudo!
Eu por vezes... encontro cantinhos como o teu... que me apetece voltar! ;)
Beijinho perfumado e boa semana*
Bonita passagem...
Agradeço o teu apoio ao lançamento do meu livro e da realizaçºao do meu sonho.
Beijinho
"Não me digas mais nada. Tudo o que quero hoje é que não me digas mais nada. E ficar assim em silêncio a ouvir a tua inquietação..."
A solidão tem estes efeitos secundários. Se calhar tudo mudava se em vez de "sozinho em casa" fosse "acompanhado na rua"
Sabes fez-me lembrar o antonio variaçoes e a sua tão conhecida música "porque eu sou estou bem onde eu não estou..."
sabes o que eu penso depois de te ler, que nos tudo queremos, e ao mesmo tempo esuqecemo-nos de aproveitar o que temos, por isso não nos encontramos nunca nem connosco nem com nossas vontades...
ás vezes assim me sinto, como se me estivesse a contrariar sem querer mas com a noção dessa mesma realidade.
beijo
Querida Amiga Alexandra,
Tem sido uma complicação para efectuar comentários. Aqui terei de o deixar como anónimo.
Este seu texto de Pedro Rolo Duarte, faz-me lembrar Fernando Pessoa.
Em sua homenagem, deixo-lhe aqui este meu poema:
INCONSISTÊNCIA
Sou o que sou, e nada mais posso ser
Entre o TUDO e o NADA, desencontrado
Não posso estar e não querer ver
Esta ruela é uma vereda, este fado
Se fosse tudo o que queria, assim
Não seria aquilo que hoje não sou
Eterna afirmação negação, não e sim
Sem rumo e errando, a caminho vou
Sou uma porção pequena da matéria
Insuflada pelo espírito em movimento
Alma, raíz, coração, veia e artéria
Entre o coração e a razão, o sentimento
Lisboa, 18/04/2007
José António
Espero que goste e só não fica "alinhado" porque o espaço não o permite.
Um grande Abraço
José António
Querer nem sempre é poder, mas temos que buscar o que queremos, memso que não conseguimos. Bonito texto, retrata a realidade.
Beijos de Luz.
Quero tudo e quero nada... só busco felicidade, aquela que está e não está em mim. é isso que vejo quando estou... sozinho.
DESAFIO:
O meu novo livro já tem título. O enigma é saber se alguém acerta, após a leitura da síntese que apresento.
Uma pequena ajuda... a foto... e o texto.
O título está entre "eles"...
O primeiro a acertar, terá como prémio o original devidamente autografado.
João Cordeiro
Olá minha querida,
Gostei muito do texto.
Tantas vezes que nos sentimos assim, porque será?
Muitos beijinhos
Isa
O texto é um bocadinho "heavy" Não quero sentir-me como ele se sentiu.
Gostei muito do quadro.
O texto está sublime!
Retrata um querer e não querer de qualquer mortal!
Por vezes...sinto- me assim...
Obrigada pela partinha!
Bom fim de semana
Beijinhos da
Maria
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