quinta-feira, dezembro 27, 2007

Interpretações.

Muitas são as formas de descrever/ traduzir/ espelhar a realidade, qualquer que ela seja. Por um lado a pintura. Neste caso, a transposição da música para a tela. Algo de fantástico onde a cor , traço e forma, dão ao consciente a percepção da musicalidade e beleza. Por outro, a conjugação perfeita da palavra que quase pode fazer a tradução do que foi percepcionado!
Que música escutas tão atentamente
Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.
Eugénio de Andrade
(Coração do dia)

8 comentários:

Maria P. disse...

E muitas são as formas da poesia, na música, na pintura, na fotografia...basta (saber) sentir.
Como tu sabes.

Beijinho(S) Amiga.

Anónimo disse...

Olá!
O "post" está fantástico!
O pintor tenta colocar na tela a sua percepção da música.Quanto ao poema,este ilustra bem o tema escolhido: "A música" e é muito bonito.
Obrigada pela partilha.

Daniel Aladiah disse...

Lindo, Alexandra.
Bom ano novo!
Um beijo
Daniel

Flor de Tília disse...

Há palavras que relidas à noite têm o sabor do luar.
Abracinho

Alexandre Fonseca disse...

olá!
obrigado pelo comentário.São palavras destas que fazem bem a qualquer um ouvir.Gostei do blog.
:)

Quantos às perguntas que faço, gostava mesmo que fossem respondidas. Mas são de resposta mesmo díficil, eu sei. :)

parabens também por este blog!
Continuação.

alexia disse...

Gostava de o apreciar sem sentir esta necessidade enorme de o tocar..sei lá, se calhar a minha forma de gostar é exactamente querer mexer, há coisas que me repudiam, deve ser aqui que esta a diferença!

Beijo

Å®t Øf £övë disse...

Alexandra,
Este poema de Eugénio de Andrade, é fantástico... espectacular.
Beijinhos.

Å®t Øf £övë disse...

Just a Kiss...