terça-feira, setembro 16, 2008

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Talvez caindo em repetição mas não em obsessão, acabo por constatar o grande espaço de tempo que permeia entre um post e o seguinte. Há muito que não escrevo, nem aqui nem em qualquer outro local. Somente nestas alturas se percebe o quanto podemos mudar. Muitas vezes, não porque queremos, mas porque assim nos é exigido.

Contudo, embora distante da escrita, o mesmo não se passa com as palavras. A leitura, continua a ser o que me permite a tão “desejada alienação”.

Através dela podemo-nos ver ao espelho ao encontrar palavras que nos tocam pela sua sensibilidade e quase “colagem” no que se refere a sentimentos que nos trespassam. Um bom exemplo - e falando em termos genéricos – é o extracto que deixo em seguida.
" A verdade, como o silêncio existe apenas onde não estou. O silêncio existe por trás das palavras que se animam no meu interior, que se combatem,se destroem e que, nessa luta, abrem rasgões de sangue dentro de mim. Quando penso, o silêncio existe fora daquilo que penso. quando páro de pensar e me fixo, por exemplo, nas ruínas de uma casa, há vento que agita as pedras abandonadas desse lugar, há vento que trás sons distantes e, então, o silêncio existe nos meus pensamentos. Intocado e intocável. Quando volto aos meus pensamentos, o silêncio regressa a essa casa morta. É também aí, nessa ausência de mim, que existe a verdade."
Peixoto, José Luís; Cemitério de Pianos, pp123.
Manet, Young girl in the garden