sexta-feira, outubro 13, 2006

Nunca nos separámos do primeiro amor...



Nunca Nos Separamos do Primeiro Amor


Já o disse em Hiroshima Mon Amour: o que conta não é a manifestação do desejo, da tentativa amorosa. O que conta é o inferno da história única. Nada a substitui, nem uma segunda história. Nem a mentira. Nada. Quanto mais a provocamos, mais ela foge. Amar é amar alguém. Não há um múltiplo da vida que possa ser vivido. Todas as primeiras histórias de amor se quebram e depois é essa história que transportamos para as outras histórias. Quando se viveu um amor com alguém, fica-se marcado para sempre e depois transporta-se essa história de pessoa a pessoa. Nunca nos separamos dele. Não podemos evitar a unicidade, a fidelidade, como se fôssemos, só nós, o nosso próprio cosmo. Amar toda a gente, como proclamam algumas pessoas e os cristãos, é embuste. Essas coisas não passam de mentiras. Só se ama uma pessoa de cada vez. Nunca duas ao mesmo tempo.

Marguerite Duras, in 'Mundo Exterior '


Perante cabeças espreitando pela janela, a professora exclama “Temos visitantes!” Depressa as sombras desaparecem… acabou a aula, Economia… Brrrr que horror!!! È a correria para as varandas, a descida pelas escadas interiores, o barulho da confusão do intervalo!

Um olhar, um aceno, uma brincadeira e de novo recolhemos às salas. Mais uma hora, duas horas, e de novo a confusão. Conversa aqui, conversa ali… e os primeiros namoros emergem!

Verão… calor abrasador! Mas o pátio tinha o sol a acompanhar-nos desde que chegávamos à Escola, até que dela saíamos. Procurar as sombras, sentados aos molhos pelo chã, pelos canteiros, cadernos, livros espalhados. Hora de entrada… tudo a correr cada um por seu lado. As paredes que sempre foram amarelas continuam sendo amarelas. O velho ginásio palco de grande movimento, de grande azáfama. Elemento de prazer para uns, de angústia para outros, mas continua lá!

Aqui se aprendeu não só aquilo que hoje nos pode servir ou não, como também a viver.
A alegria do primeiro encontro, as conversas de adolescente e toda uma vida à nossa frente! Sonhos? Muitos! Se estas paredes falassem??????
Vidas se afastaram, vidas se uniram, imagens marcadas por vivências pertinentes que nunca esquecem.

Aqui nasceram alguns primeiros amores que se tornaram únicos, até um dia… um determinado dia…em que muito do que era foi perdido!

A estrutura permanece inalterada na sua essência, as cores são as mesmas, os muros os mesmos, o chão o mesmo mas nós… modificamo-nos!!!!
..............

.....

Bom Fim de Semana!

Fotografias: Antiga Escola Secundária Gil Eanes, Lagos, 2006

17 comentários:

Bia disse...

Não há amor como o primeiro, mas como o primeiro amor... porque ás vezes quando o primeiro amor aparece, não vem com o nº 1, mas com o sentimento de que realmente é o primeiro, porque pela primeira vez se ama de verdade.
Agora quanto á escola, até me senti arrepiada, ainda hoje passo pela escola onde entrei com 12 anos e saí com dezoito e penso muitas vezes a escola é a mesma, tanta coisa se passou, tantos amigos se fizeram, tantos sonhos, tantas aventuras, é um misto de saudade e alegria, mas tens razão as paredes estão agora esbatidas pelo tempo e a escola até já nem parece a mesma mas é, nós é que mudamos. Adorei este teu post, recuei anos na minha vida e desejo-te um bom fim de semana.

de Matos disse...

Sim é verdade, nos mudamos, a vida assim o exige, mas as vivencias, as coisas boas sao recordadas para sempre. Em relaçao ao primeiro amor, como tudo aquilo que é bom e nos marca, fica guardado para sempre no nosso coraçao. As chamadas recordaçoes :)

bjs e bom fim de semana

Å®t Øf £övë disse...

Alexandra,
Gostei muito de ler este teu texto de viagem ao passado e ao primeiro amor. Fez-me lembrar um outro texto do qual vou deixar aqui uma pequena parte, que julgo vir de encontro ao que pensas sobre o primeiro amor.

"(...)O primeiro amor é o único amor, o máximo amor, o irrepetível e incrivel. Não há outro amor igual. O primeiro amor ocupa tudo. Nunca se percebe bem por que razão começa, mas começa, e acaba sempre mal só porque acaba. O primeiro amor dá demasiadas alegrias. O primeiro amor não deixa de parte um único bocadinho de nós, ocupa tudo, leva tudo e não deixa nada.
Diz-se que não há amor como o primeiro e é verdade. Há amores maiores, amores melhores, amores mais apaixonadamente vividos e mais longos (quase todos), mas não há amor como o primeiro. É o unico que estraga o coração e que o deixa estragado para sempre.
Não há regras para gerir o primeiro amor. No primeiro amor sofre-se principalmente por acabar. Anos mais tarde ainda se sonha retomá-lo, reconquistá-lo, acrescentar um último capitulo mais feliz, mas não pode ser... O primeiro amor é um milagre que sentimos que acontece na nossa vida. É tão separado do resto como se fosse uma primeira vida. Depois do primeiro amor morre-se. Quando se renasce é uma nova vida e uma forma diferente de ver o amor. Os novos amores são maiores, são mais verdadeiros, respeitam mais as personalidades de cada um, são mais construtivos, são tudo aquilo que se quiser. É por ser insustentável e irrepetivel que o primeiro amor não se esquece, parece que foi impossivel ter acontecido, não nos levou a parte nenhuma... o primeiro amor deveria ser o primeiro a esquecer-se (...)"

Bjo.

Anónimo disse...

Alexandra,
Visitinha breve,
desejando
um Bom fim de semana.

Voltarei para colocar a leitura em
dia.

SinceroAbraço

Anónimo disse...

Lendo os textos aqui presentes, revi algumas passagens do Principezinho, e também o Romance da Raposa...e fiquei meditando.

Gostei deste canto, das palavras e dos sentidos despertos.

Marco António

Anónimo disse...

Adorei esta doce nostalgia dos «grandes amores» das pareces que tanto tem para contar.
Mas se transportamos um grande amore de pessoa em pessoa e se só podemos amar uma de cada vez...não haverá aqui algo de contraditório???

Beijinhosss Alexandra

Papoila disse...

Olá Alexandra:
Faço minhas as palavras da Bia. Nada do que pudesse escrever seria melhor do que ela o fez.
Adorei o texto!
Beijo

Anónimo disse...

Esta, a "Filha da Noite", não está na exposição.
Já lá foste?

RPM disse...

olá....

e logo economia...que horror! lololololol. Conheço a escola porque lá tem uma pista para as corridas-em-patins e a equipa de que fui director correu lá várias vezes...

o Roller Club de Lagos. Muitos campeões e muitos atletas...

Mas eu só mer recordo da minha Escola Primária no Dondo, Angola.

As outras são passagens obrigatórias pelas contingências políticas de abril de 74.

beijo de amizade

RPM

Anónimo disse...

...há primeiros amores que nos percorrem e assombram como verdeiros fantasmas...


xxx

Recebi a tua excelente crónica...será o próximo FORA DA PRATELEIRA...
Bastante forte e comovente...só posso agradecer intensamente o teu cuidado e atenção.

Obrigado por tudo.

:)
xxx

Excelentes textos tens deixado por aqui.

Beijinhos da Teia.

DE-PROPOSITO disse...

É evidente que separamos. Muitos factores contribuem para isso (a separação). E há pessoas que nunca tiveram um primeiro amor, o que não quer dizer que não tenham filhos, que não vivam com outra pessoa. E há pessoas para quem o primeiro amor, não foi o primeiro, o quer quer dizer que o primeiro nem sempre é o primeiro.
Fica bem.
Um beijinho para ti.
Manuel

redonda disse...

Tive um primeiro amor que não quero esquecer, mas guardar sempre comigo.
Beijinho e boa semana

Isa e Luis disse...

Olá Alexandra,

O teu texto cheio de nostalgia, recordar é viver.

FEz-me lembrar amores na adolescencia, onde pensamos inocentemente que duram toda a vida.

beijinhos muitos para ti doce menina

Isa

Anónimo disse...

Pois não... eu sei que não... um abraço...

Anónimo disse...

Eu diria antes ... não há amor como o último. Porque o n.º1, nem sempre é o primeiro e por aí é discutível, ou não!
Mas, o meu n.º 1 foi nessa Escola. Chamava-se ainda Escola Industrial e Comercial de Lagos, vejam só há quanto tempo!
Se alguém me perguntasse: onde estavas no 25 de Abril? ... era aí que eu estava. Não passei aí 6 anos, como a Bia, era impossível pois só se faziam aí 3 anos de escolaridade, do (agora) 7.º ao 9.º, a menos que chumbasse.
É verdade, sou cota, tenho 45 anos!
Obrigada Alexandra por me fazeres regressar a esses anos maravilhosos da minha adolescência!
Um beijo

Leroy Brown disse...

Exercices in free love...

Essa musica foi bem escolhida, não só para o teu blog, mas tb para este tema.
De facto os amores não têm explicação...!
Sejam eles os primeiros ou segundos. O 1º marca sempre, mas garanto-te que não tenho saudades da escola, nem desses tempos. Acredito que eles são para nós uma preparação para a vida, uma espécie de ritual ou caminhada obrigatória.
Mas como alguém disse um dia...:

"Eu guio-me pelo amor, é ele que conduz a minha vida e o meu trabalho..., o amor é sempre o meu 1º amor.."

Anónimo disse...

Exercices in free love...

Essa musica foi bem escolhida, não só para o teu blog, mas tb para este tema.
De facto os amores não têm explicação...!
Sejam eles os primeiros ou segundos. O 1º marca sempre, mas garanto-te que não tenho saudades da escola, nem desses tempos. Acredito que eles são para nós uma preparação para a vida, uma espécie de ritual ou caminhada obrigatória.
Mas como alguém disse um dia...:

"Eu guio-me pelo amor, é ele que conduz a minha vida e o meu trabalho..., o amor é sempre o meu 1º amor.."